Fonte:https://ladobny.com/2018/10/08/olaudah-equiano-descrevendo-a-viagem-transatlantica-a-bordo-de-um-navio-negreiro/
O Brasil foi o último país do continente americano a abolir o trabalho escravo e isso ocorreu por meio da Lei Áurea, aprovada pelo Senado e assinada pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.O fim da escravidão no Brasil não foi por um ato de bondade da monarquia brasileira, mas foi uma conquista realizada por meio do engajamento popular e da resistência dos escravos.
O abolicionismo ganhou força em nosso país a partir da década de 1870, mas um ponto de partida importante a ser considerado foi a proibição do tráfico negreiro, que aconteceu por meio da Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Com essa lei, cortava-se a fonte que renovava os números de escravos no território brasileiro.
A força do abolicionismo em nosso país apresentou-se de diversas maneiras. Associações abolicionistas surgiram aos montes no país, conferências abolicionistas foram organizadas, eventos públicos realizados, levantaram-se fundos para pagar a alforria de escravos, advogados passaram a atuar efetivamente contra senhores de escravos, jornalistas publicavam textos defendendo a abolição e populares abrigavam escravos fugidos em suas casas.
Os escravos também atuaram na desestabilização da escravidão e realizavam fugas em massa ou fugas individuais, formavam quilombos que se tornavam centros de resistência, organizavam revoltas que resultavam na morte de seus senhores etc. A década de 1880 registrou inúmeros casos de revoltas e fugas de escravos.
A pressão realizada pela população livre e pelos escravos era tamanha que o clima de desordem no final da década de 1880 era evidente: o Império não tinha mais o controle sobre a situação. Pressionado, o Império teve de agir, dessa forma, aprovou-se a Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
A reação da população mediante a lei foi de festa, e as celebrações estenderam-se por dias. A abolição, porém, não foi acompanhada por medidas de suporte aos negros libertos, e eles continuaram sendo vítimas do preconceito, violência e sofreram com a falta de acesso ao estudo e às boas oportunidades.
A escravidão no Brasil foi uma instituição cruel que existiu durante mais de 300 anos.
Somente em 1910, alguns países deste continente iniciaram seu processo de independência. Portugal resistiu ao movimento e sofreu uma campanha que o esgotou social e economicamente, culminando com a Revolução dos Cravos, em 1974, quando todas as colônias portuguesas na África se tornaram independentes (ANDRADE, 1992).
Segundo Giffoni (1974) a presença de grande quantidade de negros no Brasil causou mudanças importantes na formação brasileira, tanto com relação aos aspectos culturais, bem como com relação aos aspectos sociais trazidos pelas famílias e transmitidos entre as gerações.
De acordo com Abramowicz e col. (2006), a influência dos negros foi de intensa formação da cultura brasileira, por exemplo, com algumas canções conhecidas até os dias atuais, entre elas, “Escravos de Jó”, cujo objetivo é passar pedras de um participante a outro de uma roda no ritmo em que a música é cantada.
Em Gana, país da África, as crianças têm uma canção muito parecida com esta. Ainda com relação a música, o rap reaparece com forte manifestação afro-brasileira, denunciando a opressão e a marginalização sobre a população pobre, composta, em sua maioria, por negros.
Nele, a força da musicalidade africana está presente em circuitos que unem os negros dos Estados Unidos aos negros do Brasil, principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Tanto os ritmos marcados e repetitivos, como a força da palavra, e especialmente da palavra cantada, remetem a características das opressões e a marginalização a que estão submetidos os habitantes das periferias dos grandes centros urbanos, em sua maioria negros e mestiços (SOUZA, 2006, p.138).
Outras contribuições de importância cultural africana no Brasil são, na música e na dança: o carimbó, o jongo, o samba e o cacuriá; nos instrumentos musicais: o atabaque, o agogô, o berimbau, o afoxé e a ganzá; nas lutas: a capoeira; na religião: o candomblé e a umbanda; na culinária: o vatapá, o caruru, a muqueca, o acarajé e a feijoada; no idioma, palavras como: marimbondo, quilombo e moleque.
De acordo com Souza (2006) os africanos também trouxeram para o Brasil técnicas de produção de objetos, como modelar e cozer o barro utilizado para confecção de recipientes, bem como padrões estéticos presentes nas formas, nas decorações e no colorido. Apesar de tais contribuições, ainda vivenciamos, no Brasil, preconceitos e discriminações. O decreto nº 1331, de 17 de fevereiro de 1854, por exemplo, estabelecia que as escolas públicas do país não podiam admitir escravas, e as previsões de instrução para adultos negros dependiam da disponibilidade do professor (BRASIL, 2004).
No final da 2ª Guerra Mundial, somente quatro países africanos já eram independentes: África do Sul, Etiópia, Egito e Libéria
Em 1951, a Líbia conquistou a sua independência da Itália. Em seguida, outros países concluíram que era a chance de seguir o mesmo caminho. Nos próximos 30 anos ocorreram diversas independências que resultaram no mapa atual do continente. Hoje em dia, considerado o continente mais rico na questão de recursos naturais, a África é também o mais pobre, com diversos problemas sociais que atingem a sua população.
Fonte:
ABRAMOWICZ, Anete; SILVÉRIO, Valter R; OLIVEIRA, F; TEBET, G. G. C. Trabalhando a diferença na educação infantil. São Paulo: Moderna, 2006.
ANDRADE, M. C. O Brasil e a África. São Paulo: Contexto, 1992.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Ético-Raciais e para o Ensino de Historia e cultura Afro-Brasileira. Brasília: MEC, 2004.
IFFONI, M. A. C. Danças da Ásia, África e Oceania. São Paulo: editora NOBEL-SCETCEC, 1974.
GRINBERG, K. Nova língua interior: os judeus no Brasil. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000.
SOUZA, M. M. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006.
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